Saturday, January 10, 2015

O PERIGO DE TER “UMA OPINIÃO”




Ter uma “opinião” anti-semita, anti-islamismo,  anti-catolicismo romano ou anti-protestantismo, apesar da face aparentemente benévola de “uma opinião”, é um caminho que pode deixar de ser inofensivo.

Uma opinião pode transformar-se em acto.  A Europa desde séculos remotos tinha uma”opinião”, exempli gratia,  contra os judeus.

Nós por cá também e contra os Mouros e, por que não?, contra os protestantes..., mas hoje com a nossa proverbial hipocrisia somos todos “Isto e Aquilo”, mesmo que não percebamos o que é “Isto” e “Aquilo”.

Jean-Paul Sartre escrevia que, a propósito do anti-semitismo em França, a palavra “opinião” fazia sonhar… Tal sonho, à luz da História do século XX, não iliba os franceses nem o seu silêncio quando os judeus de França, designadamente de Paris, começaram a ser presos e deportados no início da década de Quarenta, e não era preciso ser colaboracionista nem apoiante de Vichy para tanto, bastou ter uma “opinião” e fazer silêncio. 

O mesmo Sartre, sempre lúcido, escreveu nsobre a chamada República do Silêncio. E, de igual modo, nas suas “Réflexions sur la question Juive”, de 1954, não deixou pedra sobre pedra sobre o anti-semitismo francês, no que lhe concernia como francês, e a perigosidade de ter “uma opinião” anti-semita pelo menos.
Na obra acima referida, escreve “Au nom des instituitions démocratiques, au nom de la liberte d’opinion, l’antisémite reclame le driot de prêcher partout la croisade anti-juive.”  (pág.8).

As “opiniãoes” anti-qualquer coisa são sempre perniciosas, podem acabar em Auschwitz ou Dachau ou na Prisão de Guantánamo de cores modernas. ©