
Papéis com apontamentos de um percurso de cinquenta anos de pensamento evangélico, desde 1964. Este Blog não respeita o Acordo Ortográfico
Friday, November 30, 2007
Wednesday, November 21, 2007
Sem-Abrigo / Uma Nuvem em Tróia, dois poemas
SEM-ABRIGO
musching a plum on
the street a paper bag
(mascando ameixas pela
rua num saco de papel)
William Carlos Williams
Tira as rugas
ao papel
de uma das pernas
das calças, põe
o saco ao ombro
já andou
por melhores mãos,
agora
recolhe meio
comidos restos
O casaco retirou há tanto
tempo
uma das mangas, tem
menos um braço
para abraçar a solidão
a lã está a ficar leve
no décimo ano cheio
de vicissitudes e
caminhos
um sapato
vai descalçando
um pé.
(João Tomaz Parreira)
######################
Do livro “Salmo Presente”, Ed. IEC, 1996:
UMA NUVEM EM TRÓIA
Hoje há maçãs húmidas
na nossa praça
já não chove
e há caracóis resolutos
em cada pedaço de erva
a Arrábida molhada
seca agora
aberta ao sol.
Paira ainda uma nuvem solitária
sobre a península
a projectar sombra no rio
nuvem esquecida
envergonhada
no tecto limpo
de Tróia.
(Brissos Lino)
musching a plum on
the street a paper bag
(mascando ameixas pela
rua num saco de papel)
William Carlos Williams
Tira as rugas
ao papel
de uma das pernas
das calças, põe
o saco ao ombro
já andou
por melhores mãos,
agora
recolhe meio
comidos restos
O casaco retirou há tanto
tempo
uma das mangas, tem
menos um braço
para abraçar a solidão
a lã está a ficar leve
no décimo ano cheio
de vicissitudes e
caminhos
um sapato
vai descalçando
um pé.
(João Tomaz Parreira)
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Do livro “Salmo Presente”, Ed. IEC, 1996:
UMA NUVEM EM TRÓIA
Hoje há maçãs húmidas
na nossa praça
já não chove
e há caracóis resolutos
em cada pedaço de erva
a Arrábida molhada
seca agora
aberta ao sol.
Paira ainda uma nuvem solitária
sobre a península
a projectar sombra no rio
nuvem esquecida
envergonhada
no tecto limpo
de Tróia.
(Brissos Lino)
Tuesday, November 13, 2007
As "Aparições" em Vergílio Ferreira

Procurar Deus, a Fé e a religiosidade nas 22 obras de ficção, nos 12 livros de ensaio e 11 diários de Vergílio Ferreira, será obra homérica. Será contudo acto legitimado por um conjunto de razões, entre as quais temos os próprios termos definidos pelo autor no que concerne ao invisível.
Estará, de resto, na linha dos teólogos do século XX que acharam normal interrogar a literatura para nela encontrarem um testemunho sobre a fé e sobre a descrença, sobre o significado da existência do Homem e de Deus, ou sobre a ausência divina.
Vergílio Ferreira interrogou-se através do romance "Aparição". Neste existe um verdadeiro problema com a religiosidade.E com a metafísica. E as suas personagens traduzem, de facto, esse dilema, carregando-o.
Na verdade, Alberto, o protagonista-narrador, não se distancia da sua narração, como compete de resto a um narrador que estabelece a trama, a intriga da sua própria história. Diria que Alberto Soares se criou a si próprio como personagem, a partir das várias aparições que desde logo lhe conseguimos apontar, desde a primeira página numa espécie de «corrente de consciência», ou monólogo interior:
- A Aparição das coisas, a tomada de consciência dos objectos,
- A Aparição do «nous», do pensamento, das ideias,
- A Aparição ontológica do Ser,
- A Aparição de si a si próprio, a epifania do Eu,
- A Aparição do humano contra o divino,
- A Aparição do absurdo da morte. («A iluminação da vida perante a evidência da morte»).
Thursday, November 08, 2007
Paris, Inverno 1994
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