Friday, December 28, 2007

Poemas traduzidos (I)

Mister Lazarus

Dying/Is an art, like everything else.
Sylvia Plath

He sits on ancestral door
from where its eyes
eat a few dreams

can’t spring
into streets of world
its weak legs

its
tired eyes
read the Job's book.

(in Literary Kicks e Pomes Penyeach)

Sentado na porta ancestral
de onde seus olhos
comem alguns sonhos

não podem saltar
nas ruas do mundo
as suas pernas fracas

seus
olhos cansados
lêem o Livro de Job.

Friday, December 21, 2007

O não ter Senhor começado uma rua



O não ter havido Senhor para ti
lugar na cidade, nas mãos
que deveriam ungir-te, até
lugar na voz que prometera
do fundo dos dias cantar-te

O não ter havido Senhor uma porta
uma casa cheia para receber-te
um espaço entre os peitos
de todas as mães, um olhar
onde morasses com ternura

O não ter Senhor começado uma rua
à espera do teu Nome
nem ainda hoje quando passas
Senhor no rosto de um homem
ou uma mulher feliz por te acolher.
Bom Natal para todos que passem por aqui!

Thursday, December 20, 2007

La poesía señores

La poesía señores
no sólo está en los libros imprimamos
en el aire

el aire és el papel más transparente

(Blas de Otero)

Tuesday, December 11, 2007

Ovelhas voam sobre Belém


Como chuva branca caem
com suavidade sobre os montes
ao redor de Belém.
As ovelhas voam sobre os pastos.
E murmuram balidos
tristes pelo efémero
da flor da erva.

10/12/2007

Monday, December 03, 2007

Do livro inédito, "Princesa Triste", de Brissos Lino

BARCO À VELA

Um pequeno barco à vela
lá muito ao longe, no mar
parece que não se move
mas percebe-se a navegar.

O vento de feição curva-lhe as velas
brancas de paz
havendo ondas ou mar chão
tanto faz.

O Sol brilha no casco, também alvo
e os dois tripulantes, de tronco nu e luzidio
concentram-se nas tarefas de marinhagem
sem calor nem frio.

Mas se uma sereia levantar a voz do canto
e os atrair ao perigo
aí vou-me lembrar que tudo isto não passa
afinal
de um simples quadro a óleo
pendurado na parede
da sala
mesmo ao lado do postigo.


Praia do Vau, Agosto de 2007

Saturday, December 01, 2007

Contrariando Theodor Adorno


A poesia pode iluminar a escuridão de Auschwitz


Auschwitz

Poema de Brissos Lino

Os gritos, o medo
a força da vida
nos barracões de Auschwitz
metralhadoras miram
corpos nús

homens e mulheres
velhos
crianças
quatro milhões de inocentes
no espanto da igualdade

russos, judeus e polacos
franceses e outros
metralha e “Zyclon B”

a besta nazi rumina
vinte mil mortes por dia
nas câmaras de Auschwitz
toneladas de cabelo
milhares de óculos
roupas
dentes postiços
brinquedos e chupetas

o stock ignominioso
da besta

satanás desmascarado
no carnaval carioca
da morte
…………………………………..
o céu é cinzento e húmido
hoje
em Auschwitz.
In “Salmo Presente”, IEC, Setúbal, 1996