Wednesday, October 27, 2010

Welcome to Sherwood Forest

Portugal é assim como que um género de Floresta de Sherwood, em que o governo, qual assaltante, arma ciladas em caminhos lúgubres, sem fuga, e faz de Robin Hood, mas ao contrário: tira aos pobres para dar aos ricos! Os "nobres" da oposição, esses, congeminam nos palácios, contam as bestas ( já não há dinheiro para espingardas ) e fingem que estão a favor dos pobres, que habitam na floresta, para conquistarem o seu apoio. Os pobres, esses, trabalham, trabalham, lutam, esforçam-se uma e outra vez; mas quando não é o Robin subvertido, há sempre um xerife que lhes tira o que conseguem com o seu denodado esforço. Sim, porque nos palácios a festa tem que continuar. O rei, esse, só tem para dizer que está triste... Mas para isso, claro, não é preciso haver um rei; qualque súbdito que habite nos confins desta nossa Floresta de Sherwood sabe e pode dizê-lo com muito mais propriedade . Assim vai este Portugal "Sherwoodiano" .
Texto de Jacinto Lourenço in Ab-Integro

Monday, October 25, 2010

São Sócrates


Dinheiro sujo ou as mãos "limpas" (a contrariar a peça de Jean-Paul Sartre).
A crónica de Vasco Pulido Valente através de A Ovelha Perdida .

Thursday, October 21, 2010

A Morte do Homem


Chegamos ao inicio do séc. XXI e quase uma década passada, chegamos ao patamar de um processo civilizacional que tem culminado no triunfo da indiferença, na perda do gosto pela procura das razões últimas do viver e do morrer.
O triunfo da indiferença não é, porém, novo, e podemos bem seguir-lhe as pegadas num exercício de “analogia entis” até ao Século XIX, e a perda do gosto de razões derradeiras de viver bem podem radicar nesta simples conclusão de Sartre, por estranho que pareça, com origem em Nietzche, : “Se Deus morreu, o homem também morreu”.

Teríamos assim uma alegada conclusão, se Deus tivesse morrido, estariam irremediavelmente atacados os fundamentos da Existência do ser humano. A afirmação temática -a morte de Deus- descontextualizada na frase ”Deus está morto” é, deste modo, uma pretensão mais dos seguidores nitzcheanos que do próprio autor, de um tiro na Teologia, quando na verdade acaba por ser também um tiro na antropologia. Embora para o filósofo fosse um facto consumado e, dizem os seus críticos e biógrafos, uma opção tomada na juventude.

O nietzcheísmo fervente conduziu a alterações no pensamento do filósofo, onde havia apenas contradições entre a coerência e o caos, a declaração de uma coisa e o seu contrário.

Houve nas três primeiras décadas do século XX, após a morte do autor de O Anti-Cristo, em 1900, um reconhecimento internacional tardio e o aproveitamento dos nacionalismos exacerbados, do necessário “fauno louro”, do racismo, e o próprio Hitler a aproveitar-se de Nietzche em 1933 quando visitou o seu Museu-Arquivo, e depois o niilismo anti-religioso, proclamando por todo o lado em contexto e fora dele que “Deus Morreu”.

A razão da afirmação de Nietszche não é preciso ir buscá-la muito longe. Basta fazê-lo nas próprias palavras do filósofo e, já agora, do poeta que escreveu “Aqui sentado à espera, sim- de nada”, sendo aqui o tópos em que lhe surge Zaratustra. Mas leia-mo-lo:

Deus está morto! Deus permanece morto! E quem o matou fomos nós! Como haveremos de nos consolar, nós os algozes dos algozes? O que o mundo possuiu, até agora, de mais sagrado e mais poderoso sucumbiu exangue aos golpes das nossas lâminas. Quem nos limpará desse sangue? NIETZSCHE, Friedrich. A Gaia Ciência, §125.

Descontextualizar a frase inicial, é torná-la um axioma para a vida e para a morte. No fundo, o filósofo visualizava o Homem, acusando-O de ter as mãos sujas do sangue da divindade, sendo neste contexto que a mesma faz sentido, para o próprio, até no conjunto das contradições que o autor adoptou, porque iria assim criar o Super-Homem ou o tal “fauno louro” para civilizar a Europa, para fazer as vezes do Deus que o mesmo homem “matou”, no contexto da religião ou das religiões; se bem que a principal visada seja a Cristã.

Do ponto de vista da ética, sabemos que Deus não está morto, porque o homem também não, porque a existência é precedida da essência, e esta reside no Criador, e depois seria até uma impossibilidade para a legítima prossecução da Moral e do Bem, da Ética e da Justiça, da Liberdade no plano dos Direitos e Deveres da Humanidade, se Deus tivesse morrido.

O romancista da alma humana que foi Dostoievski viu bem essa impossibilidade, que conduziria ao Caos, quando escreveu” se Deus não existe então tudo é permitido”. Mas não.
E por quê? Porque a imago Dei - como o lugar mais recôndito da identidade humana na sua incontornável relação com o divino - desde a Criação do Homem está neste ( não o reflexo de uma entidade fantástica, um ser superior criado a partir do nosso ser, como defendia Engels), e nos impele às acções pautadas pela fraternidade e mesmo Amor ao Próximo, solidariedade e convivência humanas.

A imagem, a centelha vital de Deus no centro do ser humano. “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce”, não foi o que escreveu Pessoa ortónimo?

Monday, October 11, 2010

A poética da Expulsão (do Paraíso)

NO PARAÍSO

Inédito de Rui Miguel Duarte

“no Paraíso, estive à beira de todas as cores
quando as manhãs acordaram nos meus olhos
J. T. Parreira, “Expulsão do Paraíso”

Percorridos todos os limiares
e arestas negras, as artérias de granito
em vez da ondulação dos teus cabelos
trocadas as tuas carícias por um grito

culpados de todas as traições
de nos acolhermos ao colo de um pai estranho
extraviados da sabedoria de todas as cores
que falavam das manhãs acordadas de antanho

esquecidos das brisas lentas
das conversas sob as árvores ao fundo
da tarde, restou-nos a sombra do teu vulto
projectada como noite sobre o mundo

Mas na tua carne e no teu sangue
rasgaste para sempre a distância a frio
depusemos então as saudades à soleira da porta
reaprendemos então a alegria da Tua voz de rio

7/10/10

Friday, October 01, 2010

Apresentação das "Revelações", na FNAC

“Os fluxos financeiros internacionais privam metade da população mundial de viver com dignidade” - foi dito na Apresentação do livro "Revelações", do dr. João Pedro Martins, ontem na FNAC, Colombo, Lisboa. Ler Aqui (Via A Ovelha Perdida)