A poesia de Ernest Hemingway foi recomendada por Ezra Pound. “Ele escreve muito bons versos.” Tem uma linguagem precisa e selecciona com cuidado as suas impressões visuais, resumia o autor de Os Cantos, reservando para o lado do imagismo as imagens de alguns dos poemas de Hemingway.
No Neothomist poem, EH relaciona a partir do título a temática religiosa com o naturalismo, parece inspirar-se na fé de Tomás de Aquino, sobretudo, mais do que na filosofia de Aristóteles. A bem dizer, é uma paráfrase poiética do Salmo 23 perfeitamente cristã, estruturada no conceito da fé sobre o que se não pode ver ainda.
Neste poema de dez versos (ten-line poem), que o autor acabou por reduzir a um epigrama, produziu um eco do Salmo 23, uma paráfrase sintética que resume toda a omnipotência e omnipresença do pastor. Inicialmente os dez versos eram uma imitação do Salmo. Desconexa na sua estrutura poética, no seu enunciado salmódico, colocando lugares e adereços no poema que não correspondem nem canónica nem datadamente ao conteúdo do poema hebraico de David.
Da redução do poema a duas linhas apenas, não se encontra nenhuma explicação. Apenas gravura do poema dactilografado por inteiro e depois já o epigrama publicado em The Exile, uma revista literária editada em 1927 por Ezra Pound.
Todavia, o resultado, o epigrama não exibe mordacidade nenhuma. Nem se vislumbra resquícios de crítica.
Contudo, anotações marginais ao poema vêm esclarecer que o que parece ser uma referência ao Tomismo, pode bem não ser. Ainda que lateralmente Hemingway tenha desejado sublinhar alguma coisa a ver com a religião, ao que parece.
A verdade é que o autor de “Por quem os sinos dobram”quer significar com este título a conversão à Igreja de alguns dos seus amigos como Jean Cocteau e, sobretudo, Thomas Sterns Eliot (T.S.Eliot), de onde o “Thom” pode bem ser a sugestão.
NEOTHOMIST POEM
The Lord is my shepherd
I shall not want his for long
he maketh me to lie down in green pastures
and there are no green pastures
he leadeth me beside still waters
and still waters run deep
the wind blows and the bark of the trees is wet from the rain
the leaves fall and the trees are bare in the wind
leaves float on the still waters
there are wet dead leaves in the basin of the fountain
POEMA NEO-TOMISTA
O Senhor é o meu pastor, nada
me faltará por muito tempo
ele me faz repousar em pastos verdejantese não há pastos verdesguia-me mansamente a águas tranqüilase ainda correm águas profundas
….
o vento sopra e a casca das árvores está molhada da chuvaas folhas caem e as árvores estão nuas ao ventofolhas flutuam sobre as águas calmashá folhas mortas molhadas na bacia da fonte
POEMA NEO-TOMISTA
O Senhor é o meu pastor, nada
me faltará por muito tempo.
(Tradução de poemas de J.T.Parreira)
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