Tuesday, February 14, 2012

A Cultura do Cristianismo em risco na Europa





O património da Europa, que está a aproximar-se da destruição, senão do suicídio, ao fundar-se em valores do respeito pela dignidade humana, da liberdade, da democracia, assenta fundamentalmente sobre valores religiosos e estes valores são matéria do Cristianismo.

A fundação da Cultura do Cristianismo pelo apóstolo Paulo não está, porém, cativa de um passado remoto. Na segunda metade do Primeiro Século – a partir do ano 50 a.D - já essa Cultura, essa Nova Luz, a Idade do Ouro que até Virgílio, o poeta latino, vaticinou (Bucólica Quarta), se preparava para ser coluna no futuro.

Tolerada ou sentida com temor pelas instâncias do poder romano(Actos 24,25) e «reconhecida» nos seus fundamentos pela curiosidade do espírito cultural grego (Actos 17 ), ajudaria a conduzir da Patrística à Reforma o Pensamento dos cristãos, e a despeito de muita dialética materialista no século XX, um autor como Harold Bloom teria que colocar Paulo como um autor bíblico fundacional a par de Dante e Shakespeare. Para o autor do Cânone Ocidental, Paulo esteve também na base da ontologia do Ser.

Este começou por estruturar a Cultura Cristã dentro das balizas da cultura do judaismo. Na referência biográfica que faz de si próprio nas epístolas aos Coríntios e aos Filipenses, não enjeita suas origens, as quais eram motivo de orgulho no tempo anterior ao Caminho de Damasco.

Assim, imensamente por causa do trabalho missionário de Paulo, que abarcou o Oriente e o Ocidente, a remota Ásia Menor e a Europa, a Cultura do Cristianismo foi uma cultura de rotura. A cultura de rotura com os valores, com a amoralidade e a imoralidade, do secularismo, começou a ser veiculada pelas Comunidades dos cristãos, pela Igreja.

E sem excepção, as Epístolas de Paulo, não excluindo como é óbvio as cartas dos demais apóstolos, contribuiram para tal cultura de rompimento. Paulo confirmou doutrinariamente toda a historicidade do relato de Lucas nos Actos, Paulo tornaria o Cristianismo num Facto histórico, resgatando-o da ideia da época de ser uma seita do judaismo. Desde um ponto de vista histórico o cristianismo supõe o principal aportamento do povo hebreu e uma das mais importantes influências semíticas junto com o alfabeto – no âmbito geo-cultural ocidental. Já se escreveu que «a religião cristã foi um factor primordial na hora de formar o sentido da identidade europeia.»

A Igreja bíblica está fundada sobre a Doutrina dos Apóstolos, a Europa subtraída às hostes da barbárie tem nas suas fundações os veios auríficos dos valores imbatíveis dessa Doutrina. Assim o Cristianismo não pode ser visto apenas como a Religião, é também a Identidade.

(Excertos de artigo publicado em "Novas de Alegria", de Dezembro de 2003.)

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