A propósito do conflito no Iraque, fala-se muito em ganhos e perdas na guerra da informação, das notícias e dos factos transmitidos em tempo real, e da comunicação que as palavras e as imagens veiculam para o receptor.
Segundo os melhores investigadores da comunicação social, informação e comunicação não são sinónimos. Informação é a mensagem, comunicação é a relação que essa mensagm estabelece com o leitor, telespectador ou ouvinte.
Os jornais ou revistas e outros meios de comunicação social do meio evangélico não podem, nem devem fugir a este paradigma. Nas lições de jornalismo evangélico, costumamos iniciar de uma forma pedagógica os trabalhos com a referência aos vocábulos «noticiar» e «publicar», inseridos no Segundo Livro de Samuel (1,20).
Mais do que a alusão histórica ao conceito remoto da notícia, digamos que no Alto Velho Testamento, existe já a preocupação com os resultados do binómio informação-comunicação.
A mensagem que a informação iria fazer passar não era benéfica, apesar das chamadas objectividade, rigor e verdade, porquanto era uma comunicação que exerceria influência psicológica sobre quem a ouvisse - tristeza e desânimo para uns, gáudio e galvanização para outros -, obviamente os inimigos de Isarel.
Eis o que me parece que está a suceder com alguns textos de opinião publicada em órgãos de informação evangélicos, designadamente no Brasil, que deveriam resguardar «a religiosidade cristã», de um modo geral, e a utilização da Bíblia de uma maneira particular, sem que óbvia e desejavelmente faltassem à verdade factual, mas não dando a impressão de estarem «a dar tiros nos próprios pés».
Não basta já que detractores usando sem seriedade a capa da «filosofia» vão sugerindo que Deus «consente» que o Mal caia sobre velhos, mulheres e crianças indefesos, ou, retomando um pensamento sério de Unamuno, que assista silencioso à tragédia universal, como ainda por cima nós próprios estarmos a transformar alguns dos conflitos actuais em resultados de um fundamentalismo cristão exacerbado e alegadamente de «extrema-direita»?...
Parece-nos que existe, em certos redutos de opinião cristã evangélica, um cristianismo bíblico... de esquerda e outro de direita. É da natureza da Fé e da Ética Cristã não afirmarem uma coisa e o seu contrário.
Colocar a nossa honestidade religiosa e intelectual ao serviço dos críticos do Cristianismo Evangélico com a impressão de que estamos a ser os mais justos, a fazer côro com pressupostos ditos pacifistas, é o que menos se espera do jornalismo evangélico, nomeadamente em língua portuguesa, sobretudo nestes tempos de crise.
(Artigo escrito e publicado em 2003, e reutilizado numa Tese de Licenciatura na Un Rio de Janeiro em 2006, mas que continua a ser válido para hoje.)
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