Nunca fui um homem de alegrias excessivas. Com algum sentido de humor, sim. Ironia quanto baste, como a do profeta Elias, na mesma linha que seguiu da ironia alimentada pelo conhecimento sobre as religiões e os rituais que caminham pelo absurdo. Mas foi preciso chegar aos 61 anos para ser triste.
Triste como Charles Dickens ante a realidade que estampou no seu livro Tempos Difíceis/Hard Times, em que as crianças e os trabalhadores explorados eram as vítimas;
Triste como Charles Dickens ante a realidade que estampou no seu livro Tempos Difíceis/Hard Times, em que as crianças e os trabalhadores explorados eram as vítimas;
triste como Ezra Pound, o poeta dos Cantos, diante da Usura;
triste como o Álvaro de Campos, heterónimo de Pessoa, ao ver o mundo com o pessimismo do grande poema A Tabacaria, como se tivesse razão e, infelizmente, teve-a.
Tudo do domínio da Literatura, dirão. Mas quem poderá ter a veleidade de se afirmar triste, com aquela tristeza que só é divina, de Jesus perante a cidade de Jerusalém?
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