A veces se le oye cantar cosas de niño
Gabriel Celaya
Respira numa pequena cidade o mesmo ar
por onde passam os sinos
e os pássaros que chamam os olhos
para cima das árvores da rua principal
na pequena cidade onde vive e que teima
em ser provinciana, toda a gente
se conhece pelo modo como diz o nome
e o rosto de hoje foi o que se viu ontem
Vive numa pequena cidade
cuja gente se preocupa com o buraco
do ozono e o da rua em que reside
Passa algum tempo em casa devagar
as janelas raramente o vêem
sempre que cruza os olhos por um livro
é para paralisar a eternidade
também cruza os braços para se defender
do coração inconfidente
Alguns anos escreveu poesia
com o alheamento das estrelas
não conseguiu entrar ainda na fórmula
azul que é o céu
mas conseguiu deixar aos filhos
como herança dois ou três editores
e espera viver alguns anos ainda
para levantar a cabeça.
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