Papéis com apontamentos de um percurso de cinquenta anos de pensamento evangélico, desde 1964. Este Blog não respeita o Acordo Ortográfico
Thursday, July 31, 2008
Canta um hino à minha alma
Marc Chagall, o poeta reclinado
Canta um hino à minha alma
Senta-te ao pé de mim
encosta
ao meu o teu ouvido
Ouviremos
os gestos das folhas
a pousarem na água
os pés
das ovelhas a silenciarem
a sombra
um hino para nossa alma
nos percorre
O pentagrama do coração
registará a música
das artérias coronárias
O coração baterá
ignorando a morte.
30-7-2008
Sunday, July 27, 2008
Nota de pé-de-página (2)
Nunca fui um homem de alegrias excessivas. Com algum sentido de humor, sim. Ironia quanto baste, como a do profeta Elias, na mesma linha que seguiu da ironia alimentada pelo conhecimento sobre as religiões e os rituais que caminham pelo absurdo. Mas foi preciso chegar aos 61 anos para ser triste.
Triste como Charles Dickens ante a realidade que estampou no seu livro Tempos Difíceis/Hard Times, em que as crianças e os trabalhadores explorados eram as vítimas;
Triste como Charles Dickens ante a realidade que estampou no seu livro Tempos Difíceis/Hard Times, em que as crianças e os trabalhadores explorados eram as vítimas;
triste como Ezra Pound, o poeta dos Cantos, diante da Usura;
triste como o Álvaro de Campos, heterónimo de Pessoa, ao ver o mundo com o pessimismo do grande poema A Tabacaria, como se tivesse razão e, infelizmente, teve-a.
Tudo do domínio da Literatura, dirão. Mas quem poderá ter a veleidade de se afirmar triste, com aquela tristeza que só é divina, de Jesus perante a cidade de Jerusalém?
Friday, July 25, 2008
Nota de pé-de-página (1)
A fundação da Cultura do Cristianismo pelo apóstolo Paulo julgamo-la adormecida no passado. Mas já se preparava para ser coluna no futuro.
Reconhecida pelas instâncias do poder romano(Actos 24,25) e pela curiosidade do espírito cultural grego (Actos 17 ), ajudaria a conduzir da Patrística à Reforma os pensamentos cristãos, e a despeito de muita dialética materialista no século XX, um autor como Harold Bloom teria que colocar Paulo como um autor bíblico fundacional a par de Dante e Shakespeare. Para o autor do Cânone Ocidental, Paulo esteve na base da ontologia do Ser.
Wednesday, July 23, 2008
Evangélicos em Portugal, 1984
Monday, July 21, 2008
Suicídio, Linha de Fronteira
Suicídio, Linha de Fronteira in Portal Evangélico da AEP
Então, Saul tomou a espada e se lançou sobre ela.
I Samuel,31,4
Saul não foi um herói paradigmático, embora trágico, por isso a sua morte é sem louvor bíblico. Embora David tenha feito uma elegia para o Livro dos Justos, mas essa morte entra no acto deplorável e não recomendável do suicídio. E um suicídio levou a outro.
I Samuel,31,4
Saul não foi um herói paradigmático, embora trágico, por isso a sua morte é sem louvor bíblico. Embora David tenha feito uma elegia para o Livro dos Justos, mas essa morte entra no acto deplorável e não recomendável do suicídio. E um suicídio levou a outro.
Algumas culturas muito posteriores iriam ver este acto de Saul e do seu escudeiro como uma maneira honrosa de escapar a uma situação de derrota e de vergonha.
Em todo o caso, a Bíblia Sagrada, sem julgar moralmente os suicidas, refere apenas quatro declarados actos de aplicação da morte a si próprio, sendo três de personagens marcantes: Saul, Aitofel e Judas Iscariotes. (...)
Thursday, July 17, 2008
Wednesday, July 16, 2008
Sunday, July 13, 2008
Para memória passada
Título de um jornalzinho dos Protestantes, ao tempo em que vivia no Alentejo profundo, junto a Espanha. Lia-o - ou antes - folheava-o no consultório de um médico para mim essencial: o que me trouxe à vida, do ventre de minha mãe, que Deus haja! As duas enfermeiras que recordo com toda a saudade, liam-no e porque uma delas era da 'seita', trazia-o para a sala de espera. E mal nenhum fazia, pois a mensagem era radiosa! Apenas a sociedade em geral não apadrinhava o grupo 'separatista', de resto limitadíssimo e apontadíssimo a dedo... Ai dos que eram protestantes: tinham o pessoal ortodoxo à perna; e por isso formavam uma pequena comunidade muito unida e fechada!Não sei porque me deu para escrever sobre isto, logo hoje. Talvez porque, em dia de trocar de carro, a alegria seja a nota mais dominante na vida de um simples agnóstico... (...) Que me compreendam e perdoem os editores da revista da minha amiga protestante!
(José Paracana, 64, autor do blog Artenosatos)
Pontes de Paris
Tuesday, July 08, 2008
Wednesday, July 02, 2008
In "A Ovelha Perdida"
“A Igreja tem que tomar consciência de que hoje exerce a sua missão numa sociedade que não se identifica com ela, no sentido em que a Igreja não é a sociedade. No nosso caso, há uma maioria de católicos mas há também outros e isso faz com que a Igreja não possa situar-se no quadro da sociedade exercendo um antigo poder de influência e uma antiga relação Igreja/sociedade que já não existe”, indicou.
Cardeal-Patriarca de Lisboa, aos microfones da “Rádio Renascença”.
Cardeal-Patriarca de Lisboa, aos microfones da “Rádio Renascença”.
A reflexão do chefe da igreja católica em Portugal é honesta e correctíssima. Mas importaria acrescentar que a denominada “maioria de católicos” é uma maioria cultural e não religiosa. A maioria dos portugueses diz-se católica por uma questão de identificação cultural e de tradição familiar, mas não praticam, não conhecem a doutrina, em grande parte discordam de muita dessa doutrina, não são comprometidos com ela. E vão à igreja apenas nas cerimónias religiosas que funcionam como ritos de passagem (baptizados, casamentos, funerais).
Por sua vez, os “outros”, que tornam a sociedade heterogénea, em termos religiosos, apesar desta confissão (e pedagogia?) continuam a ser discriminados na dita sociedade, perante os poderes públicos, a comunicação social, e até a igreja dominante. Essa é a verdade. Mas é sempre bom ouvir intervenções pedagógicas como esta.
Por sua vez, os “outros”, que tornam a sociedade heterogénea, em termos religiosos, apesar desta confissão (e pedagogia?) continuam a ser discriminados na dita sociedade, perante os poderes públicos, a comunicação social, e até a igreja dominante. Essa é a verdade. Mas é sempre bom ouvir intervenções pedagógicas como esta.
(B.L.)
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