Friday, June 05, 2009

Voo 447

Voaram do grande radar dos céus
para os abismos cinzentos
dos corações.
Montavam sobre cavalos de energia,
sob as asas
monólitos de fogo.
Por um momento ainda os risos
das crianças, as blusas e as camisas
coloriram os assentos azuis.
Depois, as almas iriam partir
no sono, filtrar a luz dos sonhos,
iriam acordar para a forma
incandescente do sol,
voavam
sob olhos da noite mas para milhões
de outros olhos de prata
no território de morte e água.

3 comments:

rui miguel duarte said...

Feliz captar de um momento trágico.
Os risos das crianças, as cores, os sons, a promessa de um dormir e um acordar, e o silêncio da noite. Uma câmara escondida captou o interior da cabina e dos corações, os milhões de corações dos que têm olhos de prata, cinzentos, que choram (a prata é cinzenta, as águas do oceano também). Um choro de metal precioso.
Fica o mistério do voo, no escuro olhar da noite, lá no grande radar do céu. Como misterioso foi o fim do voo.
Voo em direcção cá abaixo, onde há abismos, corações, território.

Danilo said...

Prezado J.T. Parreira,

Muito honrado, já estou colocando seu link no Genizah, além de segui-lo.

Seu confrade em Cristo,

Danilo

Sammis Reachers said...

Só mesmo a poesia para amenizar, ainda que em pouco, esta tragédia.
Belo poema. Repliquei no blog Cidadania Evangélica - http://cidadaniaevangelica.blogspot.com

Deus lhe abençoe meu irmão.