UMA PERSPECTIVA DE JOHH A.T.ROBINSON
Mais de vinte e cinco séculos depois da criação literária do Salmo 139, como uma produção do sentimento religioso, da inspiração espiritual e de uma categoria lírico-poética da literatura nacional hebraica, o Saltério, um bispo anglicano do século XX, John Albert Thomas Robinson, afirma que se trata de «uma meditação penetrante sobre a presença de Deus», no mundo que Ele próprio criou.
Seria esta afirmação comum e resultante de uma normal análise de conteúdo do discurso poemático do salmo em questão, sem nenhum pressuposto que não parta, exclusivamente, do teísmo que a religião cristã ou a civilização judaico-cristã revela sobre Deus. Mas não é um pronunciamento trivial.
A verdade é que, não sendo tal apreciação do bispo anglicano contestável, foi-o porém o seu autor, por se tratar de um teólogo controverso e um dos criadores da teologia radical protestante da década de 50 e seguinte. Preocupado defendeu, sustentando-se sobretudo no pensamento teológico de Rodolf Bultmann, que o homem secular já não admite que Deus é real nos nossos dias. E também que as Escrituras estão antiquadas quanto a fazerem compreender o ponto de vista de Deus presente no mundo tanto quanto Deus «lá em cima».
John A.T.Robinson marcou, de facto, o início da década de 60 ao radicalizar a teologia protestante e ao retomar a ideia luterana do Deus Absconditus.
Contudo, a partir do facto de que se trata de uma prova da presença de Deus no mundo, transcendente ao universo, mas imanente à Sua Criação, integra o salmo na sua mais polémica obra, Honest to God, de 1963, a contra-corrente, como a mais perfeita doutrina da omnipotência e da omnisciência de Deus. E entre outras razões, aquela valoriza sobremaneira tão controverso livro da não menos controvertida década de 60.
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