Friday, May 29, 2009

"Sófocles ou o Equívoco do Destino"


"Sófocles ou o Equívoco do Destino", editado AQUI em Junho de 2006, o Comentário do meu amigo prof. Rui Miguel Duarte, do Blog Novas Criações, que edito pelas lições que contém:

Feliz reflexão, João Tomaz, sobre como os nossos Helenos olhavam a condição humana e o se confronto com a mensagem do Deus vivo e verdadeiro.Em Eurípides, é ainda mais forte esse entendimento. Como escreves, "Os seres humanos da maior parte das tragédias dos autores atenienses do Século V a.C, não poderiam renunciar a nada que estivesse lavrado nos autos do predeterminismo.", mas precisamente neste autor somos quase induzidos a odiar os deuses tradicionais, ou pelo menos a virar-lhes as costas, ou pelo menos a não os afrontar, pois o seu carácter caprichoso aparece aí mais nítido, e afrontá-los de algum modo, no mínimo que seja desses caprichos faz incorrer reis e heróis em tremenda ira. Cf. As Bacantes. Eurípides, um iconoclasta da religião tradicional, que na tragédia não quebra com ela (pois está no cerne desta), mas que claramente a questiona com olhares já racionais. Ele usou mais do que ninguém esse recurso do "theos ek mechanes", do nume que tem de intervir para desfazer o nó da intriga trágica. Não sei se o abusou dele por falta de arte ou por deliberada inonoclastia de colocar em descrédito essas divindades.Mas essa noção era mais antiga. Está presente em Homero. Pense-se no joguete Ulisses. E Heródoto, o historiador, resumia assim a forma como entendia a ascensão e quedas dos homens: "pfthaneron theion", a divindade inveja os homens que ultrapassam certos limites — de beleza, riqueza, poder, sabedoria, etc., coisas de que só deles achavam ser atributos.O Deus revelado na Bíblia tem outro entendimento. Fez-se pequeno como o mesquinho homem para, retroactivamente, acedermos à sua condição e partilharmos da sua natureza.

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