Saturday, January 02, 2010

O Hóspede e a sua exegese

A exegese ao poema feita pelo Poeta Rui Miguel Duarte:
O que parece ser uma recriação da narrativa a partir da anagnórise de Jesus na estrada de Emaús. Um Alguém (Jesus?) com ar tão frágil e sensível ao que o rodeia ("olhos indecisos […] "estremece / à mais pequena folha"), tão humano que carrega sono. Cristo ou alguém por Ele. Personagem enigmática este hóspede, com os seus "sonhos / de distância" e "uma metáfora dissonante". Não nas palavras que diz, como ramos, mas nesse gesto que o revelou em Emaús, o partir do pão.
O Hóspede (poema édito em Poeta Salutor)

Depois de a noite se instalar
ao redor do fogo, abrir sobre a cama
o espaço para o corpo
e os lençóis que ainda trazem
os perfumes da manhã
Alguém chega, pela noite
com olhos indecisos e os sonhos
de distância, traz sono e estremece
à mais pequena folha
que cai na noite fresca
Esse Alguém
pode trazer um coração lavado
uma metáfora dissonante
ramos de palavras, e partindo
o pão, abrir os nossos olhos.

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