História religiosa, Cristianismo, movimentos da Reforma, verdade e perseguições andam ligadas na filosofia social sobre a liberdade de John Stuart Mill.
O filósofo social do século XIX defendia que a verdade só triunfava das perseguições, se estas afrouxassem. Lemos no seu célebre Ensaio sobre a Liberdade.
O filósofo social do século XIX defendia que a verdade só triunfava das perseguições, se estas afrouxassem. Lemos no seu célebre Ensaio sobre a Liberdade.
A partir do Novo Testamento, designadamente do seu livro de História da Igreja, as perseguições ao Cristianismo, leia-se aos do Caminho ou aos cristãos, iam contra as mulheres e os homens e contra os signos do reconhecimento entre a comunidade dos crentes de então.
Os signos/sinais, remotamente distantes ainda dos estudos de semiologia, serviam de identificação e também de um escudo.
O atributo dos cristãos, o objecto significado na palavra peixe, IKhThUs representava as iniciais das palavras Iesoûs Khristós Theoû Uiós Soter «Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador».
No livro «Chaves para a Semiologia», este sinal dos cristãos é apresentado na sua magnificência histórica como um paradigma: «Foi, pois, graças a um jogo de palavra que o peixe, sumariamente traçado, se tornou o signo de reconhecimento entre os cristãos.» (pág 71, Universidade Moderna, D.Quixote, 1976).
Este signo, entendido apenas pela comunidade dos crentes, escondia-os aos olhos dos perseguidores romanos. Quando o signo aparecia, os utilizadores estariam ausentes. Nas paredes das catacumbas, no grafismo das paredes. Era um sinal da Verdade.
Tal Verdade não foi destruída pelas perseguições, nenhuma fogueira, nem rugido de fera, nem garras dilacerantes nem dentes como punhais de cada leão lançado aos cristãos acabou com a verdade.
A verdade nem sempre triunfa da perseguição?
Stuart Mill escreve que «história abunda em exemplos da verdade emudecida pelas perseguições». Nem sequer ficou incógnita durante séculos, como parece defender o autor. A Verdade, na sua actividade de testemunho, de pregação, de evangelização, pode ter passado por momentos de menor expressão e exuberância histórico-religiosa, mas jamais diminuída ou suprimida na sua essencialidade.
O autor particulariza a sua opinião religiosa e parece ter um preconceito anti-protestante, invocando que depois da Reforma luterana «o protestantismo foi a terra, foi extirpado» em Espanha, na Itália, na Flandres, na Áustria. «Sempre que avançaram na perseguição, esta vingou» - diz Mill.
Na Igreja Primitiva neo-testamentária a perseguição judaica consistiu num estímulo para o crescimento da Igreja. Mas as perseguições irromperam antes do período pós-Saulo. Imediatamente a seguir à Crucificação de Jesus Cristo, no próprio dia antes da Ressurreição e no Domingo da mesma, como se pode classificar o medo dos discípulos?
Senão como resultado de um espírito de perseguição latente por parte, sobretudo, dos componentes judiciários do Sinédrio, dos fariseus, dos príncipes dos sacerdotes? Ou mesmo dos judeus de um modo geral ?
Diríamos mesmo que a perseguição aos seguidores de Jesus começou na noite da prisão
do Senhor. Foi no sentido de obstar a uma perseguição logo ali perpetrada contra os seus seguidores, os discípulos, que Jesus disse aos guardas que «se pois me buscais a mim, deixai ir estes»- narra o Evangelho de João. O evangelista Mateus descreve sem eufemismos a cena, ao narrar que « então, todos os discípulos, deixando-o, fugiram».
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