Wednesday, May 26, 2010

Getsêmani



Poema Inédito Especial do poeta Rui Miguel Duarte
Colaborador


Tenho a alma amortalhada,
Sequinha, dentro de mim”
Mário de Sá-Carneiro, “Dispersão”

Tenho a alma amortalhada
oculta dentro de mim
e imbricada na penumbra deste jardim
a minha alma é a pedra
e a mão que a lança
a funda e a testa do gigante
a alma seca sangrada
do cutelo dos verdugos
e ainda sempre
tão em carne viva
a minha alma dispersa
pelos ramos destas árvores
e amigada às folhas caídas
que os meus pés pisam
alma casada com os espinhos
dentro de mim todo
moeda de compra preciosa
exposta na mortalha
26/05/10
(Rui Miguel Duarte)

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