Wednesday, May 05, 2010

À beira do abismo



Poema inédito e especial do poeta Rui Miguel Duarte

À beira do abismo
todos tremem os joelhos
e vacilam a voz

À beira do abismo
se a uns
falece a alma no olhar
a outros
desfalecem os membros
e fremem de atracção
que não podem nem querem
refrear, como por uma amante
misteriosa e fatal

Quantos foram traídos
tragados pelas fauces do abismo
de longe os pés laçados
pelo tentáculos do kraken
e os olhos quebrados
na silente profundidade?

outros exigem que os amarrem
ao mastro como Ulisses,
não se vão eles afogar
na perscrutação dos segredos
do canto das sereias

outros ainda que
diante do abismo
elevam as mãos e o coração
aos céus e cantam os corinhos
de louvor à grandeza do Senhor
do culto do último domingo

2/05/10

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