Monday, April 27, 2009

Cristianismo e Paulo: Cultura de Rotura

O património da Europa ao fundar-se em valores do respeito pela dignidade humana, da liberdade, da democracia, funda-se fundamentalmente sobre valores religiosos e estes valores são matéria do Cristianismo.

A fundação da Cultura do Cristianismo pelo apóstolo Paulo não está, porém, cativa de um passado remoto. Na segunda metade do Primeiro Século – a partir do ano 50 a.D - já essa Cultura, essa Nova Luz, a Idade do Ouro que até Virgílio, o poeta latino, vaticinou (Bucólica Quarta), se preparava para ser coluna no futuro.
Tolerada ou sentida com temor pelas instâncias do poder romano(Actos 24,25) e «reconhecida» nos seus fundamentos pela curiosidade do espírito cultural grego (Actos 17 ), ajudaria a conduzir da Patrística à Reforma o Pensamento dos cristãos, e a despeito de muita dialética materialista no século XX, um autor como Harold Bloom teria que colocar Paulo como um autor bíblico fundacional a par de Dante e Shakespeare. Para o autor do Cânone Ocidental, Paulo esteve também na base da ontologia do Ser.
Obviamente sabemos de que novo ser humano Paulo falava, o apóstolo escreveu aos Coríntios sobre aqueles que, se estão em Cristo, são novas criaturas. É a experiência da redenção, que torna o crente nova criatura em Cristo, que também é a base da Cultura do Cristianismo. Esta ergueu-se bastante, em relação aos outros apóstolos de Jesus, sobretudo globalmente, em torno da obra e da vida do apóstolo Paulo.
Este começou por estruturar essa Cultura dentro das balizas da cultura do judaismo. Na referência biográfica que faz de si próprio nas epístolas aos Coríntios e aos Filipenses, não enjeita suas origens, as quais eram motivo de orgulho no tempo anterior ao Caminho de Damasco. Na perspectiva estritamente hebreia, Paul perdeu o seu presente, enquanto descendente da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus, fariseu, etc., mas ganhou o futuro, pela influência que exerceu na amplíssima comunidade cristã do seu tempo, e a eternidade do ponto de vista do Cânone Sagrado e da Teologia.
Assim, imensamente por causa do trabalho missionário de Paulo, que abarcou o Oriente e o Ocidente, a remota Ásia Menor e a Europa, a Cultura do Cristianismo foi uma cultura de rotura. Tal cultura, porém, não agiu autonomamente, só numa divulgação do pensamento cristão desligado de um organismo, por exemplo como acontecia com o gnosticismo, essa cultura estava intimamente ligada à Igreja Primitiva, às igrejas que Paulo foi fundando de Roma a Antioquia.

A cultura de rotura com os valores, com a amoralidade e a imoralidade, do secularismo, começou a ser veiculada pelas Comunidades dos cristãos, pela Igreja. E sem excepção, as Epístolas de Paulo, não excluindo como é óbvio as cartas dos demais apóstolos, contribuiram para tal cultura de rompimento. Paulo confirmou doutrinariamente toda a historicidade do relato de Lucas nos Actos, Paulo tornaria o Cristianismo num Facto histórico, resgatando-o da ideia da época de ser uma seita do judaismo. Desde um ponto de vista histórico o cristianismo supõe o principal aportamento do povo hebreu e uma das mais importantes influências semíticas junto com o alfabeto – no âmbito geo-cultural ocidental. Já se escreveu que «a religião cristã foi um factor primordial na hora de formar o sentido da identidade europeia.»
Esta identidade europeia, que é laica obviamente, mas estruturada nos valores judaico-cristãos, assenta de resto numa vasta e fundacional Literatura, predominando o Novo Testamento.

Evangelhos canónicos e apócrifos, as Cartas de Paulo e os Actos dos Apóstolos, de Lucas. Tais obras foram escritas –na sua maioria- entre finais do século I e os começos do século II d.C. Actualmente, textos como o Papiro Egerton (S. II d. C.) e outros seus contemporâneos como P1 e o P2, o Manuscrito de Nag Hammadi (S. IV d.C.),o Manuscrito Sinaítico (S. IV d.C.), o Códice Vaticano (S. IV d.C.), o Códice Benzae Cantabrigensis (S. V d.C.), o Códice Alexandrino (S. V d.C.), o Códice Washingtoniano (S. V d.C.), o Códice Ephraemi Rescriptus ( S. V d.C.), são os testemunhos directos mais antigos que se conservam como referência a Jesus Cristo e ao Cristianismo. A Igreja bíblica está fundada sobre a Doutrina dos Apóstolos, a Europa subtraída às hostes da barbárie tem nas suas fundações os veios auríficos dos valores imbatíveis dessa Doutrina.

Assim o Cristianismo não pode ser visto apenas como a Religião, é também a Identidade.

Thursday, April 23, 2009

Mar da Galileia


Chegou às tuas águas calma
mar de tranquilidade
os pequenos montes impetuosos
baixaram
à simples linha de água

Chegou ao meio de tuas águas cor
num espelho do céu
Chegou às tuas águas luz
e não do raio
que vem do invisível nada

Regressou às tuas águas prata
quando as nuvens abriram as janelas
Chegou ao tumulto o sono
quando a noite descansou nos
braços de Jesus.

Thursday, April 16, 2009

Os Meninos da sua Mãe


Tão jovem! Que jovem era!
(agora que idade tem?)
Filho único, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
«O menino da sua mãe.»
Fernando Pessoa

E quando chegou perto da porta da cidade, eis que levavam um defunto, filho único de sua mãe, que era viúva.
Lucas, 7, 12


De acordo com um documento publicado por CHRISTIAN APOLOGETICS & RESEARCH MINISTRY, o resultado da cosmovisão secular pode ser vista ao nosso redor. “A televisão tem se degenerado tornando-se um "bordel" de violência, pornografia "leve", seriados que destroem a família, comerciais que apelam para a gratificação imediata dos prazeres, e desenhos animados que são cheios de violência, ocultismo, e desobediência aos pais. Eles frequentemente retratam pastores como psicóticos, padres como "pedófilos", e pessoas religiosas como ignorantes, inseguras e fanáticas”

Diferente é a cosmovisão de origem cristã sobre a morte e como considerá-la que o evangelista Lucas e o poeta Fernando Pessoa possuíam.
O interessante da cosmovisão cristã reside no fato dela ser simples, como disse C. S Lewis, dito assim poderíamos aceitar que tanto Pessoa como o autor bíblico Lucas, lendo os seus textos acima, observaram a morte sob esse ponto de vista da cosmovisão cristã. Mas Lucas era um cristão, Fernando Pessoa era-o noutro sentido, era um crístico.
Mas ambos - um como narrador bíblico, outro como sujeito lírico - escreveram sobre uma morte desajustada da cronologia, imprópria, diríamos por se tratar da morte de um jovem. Ambos nos apresentam uma morte desumana.
A desumanização da morte
Há pelo menos dois ou três períodos, distanciados uns dos outros, na história da humanidade do Século XX em que o homem desumaniza a morte do outro.
A Grande Guerra da qual fotografias mostram a ruína da carne humana de par com os escombros.
A Guerra Civil Espanhola que foi a primeira guerra a ser testemunhada (coberta) pelos noticiários, relacionando bombardeamentos por parte dos nacionalistas de Franco como o de Guernica com o castigo pela «rebeldia» democrática dos republicanos.
A IIª Guerra Mundial em que os campos de extermínio nazi só por inadvertência histórica e excesso de vanglória dos carrascos deixaram para a posteridade fotografias de escombros do que foram homens, mulheres e crianças, desumanizando-os na imagem como o haviam feito as teorias racistas, nas virulentas ideias anti-semitas de Hitler ou Julius Streicher.
As bombas de Hiroxima e Nagasaqui que revelaram como o brilho de mil sóis pode não apenas matar, mas reduzir as vítimas a sombras.
E a moderna guerra de bombardeamentos e desflorações que a América travou no Vietname, entre corpos estropiados e queimados sob o napalm e os outros corpos desumanizados, como conteúdo impessoal dentro dos famosos sacos de lona preta?

Dir-se-ia que a desumanização da morte funciona diante dos nossos olhos, hoje mais do que nunca nos meios de comunicação, através da fotografia e das imagens.
«Captar uma morte que está a ocorrer e embalsamá-la para todo o sempre é algo que uma câmara pode fazer» escreveu Susan Sontag.
A seu modo e com os instrumentos lexicais que possuíam, o evangelista Lucas e o poeta Pessoa embalsamaram para todo o sempre um momento da morte. No caso do poeta autor da Mensagem, a morte ficou para sempre qualificada como a morte, sem remédio, de um jovem soldado na guerra. No texto bíblico, a narratividade aponta para o milagre da restituição da vida através do prodígio da ressurreição.

Lucas, 7, 12-15
Este Evangelho dirigia-se a Teófilo, de um modo particular, e no sentido universal a leitores cristãos de cultura grega, costuma dizer-se que Lucas era um artista, como se vê pela linguagem usada, pelo cuidado em explicar a geografia e os usos da Palestina, pela omissão de discussões judaicas e pela consideração que tem pelos gentios.
Particularmente no texto em causa, estabelece o encontro da Tristeza com a Alegria. Como corolário estabelece o encontro da Vida com a Morte. Neste sentido a sua narração tem delicadeza e sensibilidade.
É com familiaridade que afirma ser o defunto o filho único de uma viúva.. Nesta linguagem simples do amor materno acerca de uma mulher desamparada agora segundo os costumes judaicos, o evangelista pinta com traços sucintos mas carregados da cor da tristeza toda a mágoa que avassala aquele coração de mãe e de viúva sem amparos. A luz que incidia no rosto da mãe marcava-lhe a cor da tristeza, e quase vemos essa repartição da luz solar da tarde no escuro das roupas e dos corpos. Toda a narrativa assume o tom da tristeza fúnebre. Até certo ponto é um relato cinzento. Parafraseando A.Camus, tudo o que aquele cortejo fúnebre representava, colocava-o «a meio caminho entre a miséria e o sol».
O médico-evangelista sublinha antes do momento de alegria e de vida protagonizado por Jesus Cristo, toda tristeza do evento ao dar uma identidade, a única que se conhece, ao jovem morto: o filho único de sua mãe.

Filho único ou «O menino da sua mãe.»
No que concerne a Fernando Pessoa, o chamado sujeito lírico- o poeta- centra a sua atenção no «menino da sua mãe». Subliminarmente nos sugere um clima de guerra, e por uma razão de experiência sentimental óbvia, e cronológica também, remete-nos para a Grande Guerra (1914-1917). A «terra-de-ninguém» recolhe à superfície do solo «o abandonado» jovem, que jaz morto e arrefece, apesar de «a morna brisa» que o poeta traz ao enredo/ intriga do poema.
O jovem soldado, na primeira estrofe (quintilha) do poema, é identificado com o único nome possível, desumanizado, o «morto» que, como qualquer outro, jaz. A desumanização do jovem morto é mitigada por uma corporização poética: braços estendidos, olhar lânguido e cego, alvo e louro, e uma farda que o integra e reduz à uniformidade, uma roupagem que o seu próprio sangue ilumina. Conta-nos o poeta: «Raia-lhe a farda o sangue».
Quem é este «menino da sua mãe» e o que o identificava como tal, no belo poema pessoano de uma tristeza contida?
Pertencente ao conjunto dos oito poemas que Pessoa(e os heterónimos) dedicaram ao tema da Grande Guerra, «O menino da sua mãe» tem a intensidade própria da temática e existem nele dois elementos sociais identificadores, que atribuem uma humanidade ao morto. Este carregava dois objectos: «a cigarreira» e «um lenço branco» que o identificariam socialmente, que falavam de uma vida familiar e social.
Mas a mais profunda identidade que Fernando Pessoa lhe confere é idêntica à do evangelista Lucas, é «o menino da sua mãe», é, de facto, um nome, e esse nome a mãe o mantivera até à idade adulta do seu jovem filho.

Filho único, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
«O menino da sua mãe.»
Uma proposição
Adolfo Casais Monteiro, amigo de Pessoa, escreveu um dia que «sabemos da vida de Pessoa menos, muito menos, do que a respeito de muitos outros, e bem mais distantes no tempo.»
Contudo, supondo a realidade das leituras inúmeras e diversificadas do Poeta que abarcavam linguística, estética, poética( e a poesia inglesa da época romântica), filosofia, religião, a Cabala, a Bíblia, terá Fernando Pessoa captado de uma leitura do Evangelho de Lucas a ideia profunda, de intensidade da compaixão, do «menino da sua mãe»? Ou no dizer de Lucas «o filho único de sua mãe»?

Terá, muito pelo contrário, ido buscar a ideia à metáfora das Mães, no poeta alemão Goethe, que ele apreciava, e nos alquimistas e sábios, que a usavam para falar da «matéria primeira», das formas originárias do Ser- a «mãe»? Para os gregos deusas a quem chamavam Mães, as divindades femininas férteis e as estéreis, de Cícero a Plutarco?
Seja como for, «o menino da sua mãe» é tão intenso e comovente no poema como «o filho único de sua mãe» o é no Evangelho.

Wednesday, April 15, 2009

6 perigos da igreja organizada

«Esta é a triste história das denominações cristãs em geral, que se caracteriza por alguns dos seguintes perigos específicos:

Sacrifício dos mais capazes
Cristalização doutrinária
Imobilismo
Afastamento da sociedade
Incompreensão do conceito de fraternidade
Reinterpretação da História


Via A Ovelha Perdida, ler na íntegra aqui:
http://igrejadojubileu.wordpress.com/2009/04/15/os-perigos-da-igreja-organizada/

Sunday, April 12, 2009

A pedra na Ressurreição



No meio do caminho tinha uma pedra
Carlos Drummond de Andrade

Havia um anjo no meio do caminho
tinha uma pedra
a meio do caminho

Havia uma pedra
fechada no meio do caminho
sobre ela se desgastaram
os olhos, enviaram milícias
e as mulheres que sonharam
dar o incenso das suas vigílias

No meu caminho havia uma pedra
e nada há mais duro
que a imaginação sem milagre
no meio do caminho havia uma pedra
o meio de pedra
para manter a cidade calada.

1993

Saturday, April 11, 2009

Declarações de um Púlpito de Igreja "com stress"

Nota do editor:
O texto abaixo está longe de ser um poema( não basta a estrutura formal, nem um hiperbólico conjunto de metáforas, algumas delas boas, outras com a prosódia técnica errada), é, no entanto, uma verdade.

Por mim muitos sonham
Por mim muitos desejam
Por mim muitos esperam
Por mim muitos brigam

Em mim muitos se realizam
Em mim muitos se vangloriam
Em mim muitos se escondem
Em mim muitos esbravejam
Em mim muitos desabafam
Em mim muitos deliram
Em mim muitos enganam

Sem mim muitos se frustram
Sem mim muitos se entristecem
Sem mim muitos se angustiam
Sem mim muitos se deprimem
Sem mim muitos se desesperam
Sem mim muitos se calam

De ouro, prata, bronze, vidro, acrílico, pedra, madeira, não importa.
Investiram-me de um valor simbólico poderoso.

Dou prestígio, status, projeção, e até enriqueço alguns.

Sou um púlpito de igreja estressado,
cansado da mediocridade de muitos que me usam e abusam.

(Altair Germano)

In http://www.poesiaevanglica.blogspot.com/

Wednesday, April 08, 2009

Kaddish por meu filho Absalão

Quem me dera que eu morrera / Por ti, Absalão.
Rei David


Na alta abóbada de uma árvore
o teu cabelo chamou a morte
A tua efémera beleza
emaranhada no lugar dos ramos
como frágil presa
Um corpo sonâmbulo colhido como um fruto
como um pássaro nocturno
onde a morte depositou os dardos
Meu filho, Absalão, meu filho
ai o teu coração sozinho, permeável
ao vento sob a árvore.

Monday, April 06, 2009

O Anúncio

Basicamente é um diálogo. E todos sabem que os diálogos podem ser sinuosos, conter alçapões e esquinas desconhecidas, onde podem aguardar-nos os calafrios.
Várias imagens, como a ironia, a falta de ética, a falácia da solidariedade entre os homens, o incensar a mentira, o egoismo, a crítica aos que aguardam por salvação exterior à sua própria iniciativa, o eterno sebastianismo, etc., etc., nos podem ocorrer perante este:

«Então, que se passa?»
«Sabes lá, dinheiro!»
«Não me digas! »
«Verdade!»
«Não te preocupes. Lembras-te quando fizeste 30 anos? Nesse dia fui ao ...e abri uma conta poupança em teu nome. Todos os mêses depositei religiosamente 25 €. E tens lá um monte de dinheiro à tua espera»
«Estás a dizer-me que foste ao...e depositaste, etc.etc. A sério? Fizeste isso por mim?!»
........................................
«Não! Eu estava a gozar!»

Não havia necessidade de dizer coisas como estas («Triste mesmo…mais triste é o dinheiro que actrizes de renome estão a ganhar com esta publicidade misera e claro: elas é que se estão a rir na nossa cara… finalmente um anúncio à imagem do Bidarra: cínico e pouco solidário», In (www.ptfolio.com/2009/03/05/) que li em comentários sobre este anúncio a um tipo de poupança e de apelo a que devemos pensar em nós. Por quê?

Porque se corre o risco de transformar a peça em algo que navega em águas da filosofia, por causa do cinismo, que pode até não se descolar de um sentimento religioso, por causa da falta de ética perante as circunstâncias actuais. E não merece tanto!

Basta a encenação, as falas, certas expressões, e o recurso ao advérbio de modo «religiosamente», como resquício de uma certa moral religiosa, que é ancestral na hipocrisia com que Portugal vive o seu catolicismo romano, como uma pseudo nota de seriedade, que é incomparavelmente menos séria que a frase «sou ateu, graças a Deus!».

Dizer «Pensa em ti» é basicamente o ponto de partida para o tal diálogo. Como um dos elementos da retórica, o diálogo que Mikhail Bakhtin desenvolveu para o dialogismo, é figura que reproduz em falas diversas as ideias ou sentimentos das personagens.

Sendo o mote para a campanha criativa publicitária «Pensar em Ti» basicamente um diálogo, é natural que, segundo a tais regras da retórica, evidencie a polifonia que todo o discurso dialógico possui.

-De um lado, temos a apreensão perante a crise, a necessidade, o vazio financeiro e a falta de horizontes, a lamúria perante a situação em que o país, a Europa e o mundo estão enterrados;
-tudo centrado, curiosamente, num casa de chá (ou restaurante?) de classe média;
-do outro lado, temos a ironia, a promoção de uma falsa segurança, a frase antagónica, a antítese como a substituição de toda a esperança que na interlocutora acaba por se desmoronar.

No geral, esta peça publicitária basicamente promoverá a «mise-en-scène» dos afectos, o realce da mentira ? O quê, para além do marketing?

Gil Vicente e Shakespeare já trataram assim as relações humanas, com base na ironia, enquanto ingrediente do drama como a sátira, que acaba por ser o resumo eufemístico para dizer desprezo pelo nosso próximo.
(Crónica a sair no Diário de Aveiro)