Sunday, May 22, 2016

SALMO PROFANO





(Gueto de Lodz, 1942)



Não, para além do vale da sombra da morte
Vais andar,  da estrela de seis pontas a golpes
De chicote, da auto negação
Do respirar o vácuo em vagões de gado
Até aos pulmões cheios de gás, Sulamita
Não, os teus cabelos não são os loiros
Cabelos de Margarete, nem os teus filhos
Dádivas de Deus,  ao teu corpo nu
 e à cabeça calva voltariam os carrascos
A esmagar a tua face contra o lodo
Não,  estiveste sempre sob o fumo
E as cinzas  que caiam e subiam de Auschwitz.

20-05-2016

©

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