FÉ
Acordei
As
portas do rosto
Me
traziam o mar
A
imensa ausência de ser
Então
as portas se fecharam
E
o mar se fez em mim
Regurgitando
em minhas pálpebras
Como
se tivesse perdido a âncora da vida.
NOÉ
Rótulos
do tempo
Tomados
aos bocados por seus cabelos
Em
seus olhos cabia apenas o dilúvio
Que
lhe envolvia
Como
pescador de lembranças.
Nas
entranhas da tenda
Se
desfazia dos nós da vida
Entre
os cachos de vinho
Que
não guardaram a nudez de sua euforia.
NO
TEU SILÊNCIO
Como
se o vazio se pudesse explicar
Tento
eu escrever este poema
Lançando
pedras no rio
Da
imaginação
Para
por um instante crer que estás aqui
Ou
ali, estendendo o olhar em um fio de amor
Para
que te veja e retorne com um riso...
Mas
no final a pedra afunda
E
eu continuo aqui
Tentando
reescrever o poema
Que
no baú da graça deixei.
© Poemas de Carla Júlia, Maputo, Moçambique
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