Ter uma “opinião” anti-semita, anti-islamismo,
anti-catolicismo romano ou
anti-protestantismo, apesar da face aparentemente benévola de “uma opinião”, é
um caminho que pode deixar de ser inofensivo.
Uma opinião pode transformar-se em acto. A Europa desde séculos remotos tinha uma”opinião”,
exempli gratia, contra os judeus.
Nós por cá também e contra os Mouros e, por
que não?, contra os protestantes..., mas hoje com a nossa proverbial hipocrisia
somos todos “Isto e Aquilo”, mesmo que não percebamos o que é “Isto” e “Aquilo”.
Jean-Paul Sartre escrevia que, a propósito do
anti-semitismo em França, a palavra “opinião” fazia sonhar… Tal sonho, à luz da
História do século XX, não iliba os franceses nem o seu silêncio quando os
judeus de França, designadamente de Paris, começaram a ser presos e deportados
no início da década de Quarenta, e não era preciso ser colaboracionista nem
apoiante de Vichy para tanto, bastou ter uma “opinião” e fazer silêncio.
O mesmo Sartre, sempre lúcido, escreveu
nsobre a chamada República do Silêncio. E, de igual modo, nas suas “Réflexions
sur la question Juive”, de 1954, não deixou pedra sobre pedra sobre o
anti-semitismo francês, no que lhe concernia como francês, e a perigosidade de
ter “uma opinião” anti-semita pelo menos.
Na obra acima referida, escreve “Au nom des
instituitions démocratiques, au nom de la liberte d’opinion, l’antisémite reclame
le driot de prêcher partout la croisade anti-juive.” (pág.8).
As “opiniãoes” anti-qualquer coisa são sempre
perniciosas, podem acabar em Auschwitz ou Dachau ou na Prisão de Guantánamo de
cores modernas. ©
No comments:
Post a Comment